Colaboração
Freguesias
Uma iniciativa
Freguesias
Uma iniciativa
Neolítico
“Este monumento foi intervencionado arqueologicamente entre 2007 e 2008 no âmbito do Projeto Museu do Passado, Ecomusealização da Paisagem (Sever do Vouga), Fase II, promovido pela autarquia e executado pela empresa de arqueologia Mythica, Lda.
Os resultados permitiram definir com exatidão as características arquitectónicas deste dólmen, bem como o seu restauro e valorização. Deste modo, podemos afirmar que estamos perante um dólmen de câmara poligonal alargada de sete esteios e corredor médio ligeiramente descentrado, pouco diferenciado em planta e indiferenciado em alçado.
A câmara funerária, com 2,30m largura e 1,85m de comprimento e 1,79m de altura máxima, apresenta os esteios, em granito, imbricados. Conserva todos os esteios do lado Sul e apenas 2 do lado Norte. O corredor, aberto E.SE., com 4,40m de comprimento, possui 0,60m de largura á entrada e 1,30m junto à câmara. A altura do corredor é ligeiramente decrescente sendo de 1,42m à entrada da câmara e 1,06m junto à porta. Primitivamente seria um corredor com 16 esteios adossados, em granito, faltando um da cada lado. Conserva apenas uma tampa no corredor. Pode-se ainda adiantar que apenas o esteio de cabeceira apresentava alvéolo de fundação, estando os restantes poisados no afloramento. Todos apresentam calços de sustenção. Um aspeto pouco comum é o facto de este monumento ainda preservar a porta no local primitivo.
As escavações puseram a descoberto um conjunto de estruturas defronte ao corredor que correspondem às zonas públicas dos rituais fúnebres, do qual se destaca um átrio de com 4,30m de comprimento e 3,20m de largura delimitado por um pequeno anel lítico. Incluída neste anel de pedras encontra-se uma laje granítica fincada perfeitamente alinhada com o esteio de cabeceira. Trata-se certamente de um elemento simbólico com paralelos em outro monumentos do Centro de Portugal.
Num momento final da sua utilização, o espaço do átrio foi selado com pedras de pequeno e médio porte criando uma uniformidade com o restante volume do tumulus . Este ato ritual, igualmente atestado em outros monumentos megalíticos do Norte e Centro de Portugal, apresenta neste caso particular um dado algo inédito. Num camada intermédia desta estrutura de selagem, foram colocados quartzos leitosos cobrindo a superfície. Trata-se de mais um elemento ritual que, associado a tantos outros, transformam este espaço do átrio num local carregado de simbolismo e de misticismo.
O espólio exumado durante os trabalhos arqueológicos caracteriza-se pela presença de micrólitos geométricos e lâminas em sílex, cristais de quartzo, 2 pontas de seta também em quartzo, 1096 contas de colar, discoidais, em xisto, uma conta de coloração avermelhada cuja matéria-prima se desconhece e alguns fragmentos cerâmicos. Este pacote artefactual marcado pela sibstancial presença de micrólitos e de lâminas, contas em xisto, pouca cerâmica e poucas pontas de seta, aponta para uma fase antiga do megalitismo regional, talvez dos inícios do 4º milénio a. C.
O tumulus de tipo cairn, apresenta de eixo N/S 15,00m e de eixo E/O 16,50m e cerca de 1,60m de altura. Este dólmen encontra-se implantado numa pequena plataforma, aberta a SO, à cota média de 620m delimitada a Oeste e Este por relevos, a Sul pela quebra da curva de nivel e a Norte pela continuação da pequena esplanada, tendo, deste modo, apenas alguma visibilidade para Noroeste. O monumento encontra-se rodeado de afloramentos rochosos com os quais quase se mimetiza.”
— Museu Municipal de Sever do Vouga 2020/04/17 13:43